terça-feira, 13 de abril de 2010

UM RETRATO DE MARIA













“Minha Senhora é bela, tão bela que não tem semelhante, tão bela que, vista uma vez, se deseja morrer para a ver de novo: tão bela que, quando se viu, não de pode amar coisa alguma terrena”. (Santa Bernadete).


Santo Epifânio, citado por Nicóforo, deixou-nos um famoso retrato da Virgem. Este retrato, esboçado no século IV, com base em tradições e manuscritos hoje desaparecidos, constituiu o único retrato da Virgem que chegou até nós.

“A Virgem, segundo este Bispo, não era alta, embora de estatura mais que mediana; a sua cor, levemente bronzeada pelo sol do país, como a da sulamita, tinha o matiz rico das espigas de trigo maduro; os cabelos loiros, os olhos vivos, as pupilas azeitonadas, as sobrancelhas perfeitamente arqueadas e pretas; o nariz de um primor notável, era aquilino; os lábios rosados; as linhas do rosto em oval; as mãos e os dedos compridos. Era a expressão perfeita da união da graça divina com a beleza humana. Todos os Santos Padres, de acordo, atestam a admirável beleza da Virgem”.

“Mas o poder da beleza de Maria não era devido ao conjunto de dotes físicos; emanava de uma fonte superior. Santo Ambrósio compreendia-o bem, quando dizia que este atrativo exterior era apenas um véu transparente que deixava ver todas as virtudes do seu interior e que a sua alma, a mais nobre, a mais pura que jamais existiu depois da de Jesus Cristo, se revelava inteiramente no seu olhar. A beleza física de Maria era o reflexo longínquo dos seus encantos intelectuais e imperecíveis. Era a mais formosa das mulheres porque era a mais casta e a mais santa das filhas de Eva.”

“Em todas as ações da Virgem reinava o maior decoro; era boa, delicada, compassiva, incansável em ouvir a queixa dos aflitos. Falava pouco, sempre a propósito e nunca manchou seus lábios com a mentira. A sua voz era suave e penetrante; e as suas palavras tinham um não sei quê de gracioso e consolador que derramava a paz nas almas. A primeira nas vigílias, a mais exata no cumprimento da lei divina, a mais profunda na humildade, a mais perfeita em cada virtude. Nunca foi vista em cólera; nem uma só vez ofendeu, afligiu ou repreendeu alguém. Era inimiga da ostentação, simples no vestir e simples nas maneiras. Nunca pensou em exibir a própria beleza, a sua antiga nobreza ou os ricos tesouros do seu espírito e do seu coração.”

“A sua presença parecia santificar quantos a rodeavam e bastava a sua vista para desterrar todos os pensamentos terrenos. Sua cortesia não era uma formalidade vã tecida de falsas palavras; era uma expansão da universal benevolência que brotava da sua alma. Finalmente, seu olhar revelava já a Mãe de Misericórdia”. (Orsini: História da Santíssima Virgem).

“A identidade de sangue implica, entre Jesus e Maria, uma semelhança de formação, de feições, de inclinações, de gostos e de virtudes; não só porque a identidade de sangue, com freqüência, causa tal semelhança, mas porque no caso de Maria (em virtude de sua maternidade ser um fato inteiramente sobrenatural – o efeito de uma graça transbordante) esta graça se apoderou do princípio mais ou menos comum da natureza e o desenvolveu a ponto de a tornar uma imagem viva, um retrato perfeitíssimo do Seu Divino Filho; de sorte que, em Maria, se pode admirar a mais delicada imagem de Jesus Cristo. Esta mesma relação de maternidade estabeleceu entre Maria e seu Filho uma intimidade não só de trato mútuo e comunhão vital, mas também do intercâmbio de corações e segredos; e de tal modo que ela era o espelho refletindo todos os pensamentos, sentimentos, anelos, desejos e propósitos de Jesus, assim como Ele refletia, por Seu turno, de forma excelsa, em espelho imaculado, o milagre de pureza, de amor, de dedicação, de imensa caridade que era a alma de Maria. A Virgem podia, por conseguinte, com mais razão do que o Apóstolo das Gentes, exclamar: “Eu vivo, mas não sou eu quem vive: é Jesus que vive em mim”. (Do Concílio: O Conhecimento de Maria).


Texto lido na Curia Maria Legionis, na festa de confraternização do Natal de 2009.

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